A poesia em Hannah Arendt

Hannah Arendt (1906-1975), uma das pensadoras mais prolíficas e relevantes do sec. XX, gostava de aprender poesia de memória como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se o mundo nunca deixasse de ser mundo. Arendt sabia que a presença da poesia na vida interior é um assunto desse nosso coração tantas vezes…

A sociedade do escândalo | Notas sobre a obra de Byung-Chul Han

A filosofia de Byung-Chul Han (Seoul, 1959), dialoga com o pensamento de Nietzsche, Benjamin, Heidegger, Foucault, Agamben e outros pensadores para sondar as enfermidades produzidas pelos dispositivos de poder das sociedades neoliberais do mundo contemporâneo e na qual se insere a sociedade do rendimento e da auto-exploração; ao contrário da “sociedade disciplinar” de Foucault, na qual as pessoas sabem que a sua liberdade é limitada, no contexto de uma sociedade de controle realmente – e muito falsamente – elas acreditam que são livres. É uma mudança de paradigma que faz com que se discipline o corpo para, de uma forma sedutora, poder controlar a mente. Uma das consequências mais visíveis prende-se com o facto da tendência das pessoas à auto-exploração agressiva até ao esgotamento mental, o colapso físico, e consequente o surgimento de patologias tais como o síndrome de “burnout”. Tradicionalmente, “exploração” implica que alguém seja explorado por outra pessoa, Han afirma que realmente fazemos isso para o nosso Eu. “A crise que estamos actualmente a experimentar vem da nossa cegueira e estupefacção”. Para Han o que faz adoecer não é a retirada nem a proibição, mas sim o excesso de comunicação e de consumo; a “crise”, segundo o filósofo, cinge-se a dois aspectos essenciais: por um lado a crise democrática causada pela superficialidade da comunicação digital, redes sociais e a constante hipercomunicação, e por outro, as consequências que a primeira traz subjacente e que prejudica o pensamento crítico, o respeito e a confiança perante o “outro”.