Um dia, as roupas entraram na loja e começaram a experimentar as pessoas. Eu permaneci a olhar aquelas pessoas que um dia foram boas a ficar distantes e agora eram manequins vivos, de todas as cores, modelos e feitios. Algumas pareciam ainda estar em saldos ou serem da coleção primavera-verão. As que não se encaixavam…
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“A Boca no Ouvido de Alguém” – Antologia de Poesia em Língua Portuguesa
Acaba de ser lançada pelo selo editorial Através Editora a antologia “A Boca no Ouvido de Alguém”, um projecto coordenado por mim e motivado pela vontade de unir desde a Galiza as linhas criadoras que se fazem atualmente no mapa dialogante e de afetos da(s) lusofonia(s). Representa a urgência de nos deixarmos levar pela correnteza…
A absoluta ignorância pelas coisas
E ra uma manhã de segunda-feira. Ele estava sentado no seu quarto do acanhado terceiro andar partilhado por mais cinco pessoas, três delas eram uma família. Estava a olhar pela janela e a pensar no murmúrio da avenida. Quantos mais haveria como ele? No Centro de Emprego, o seu estado de vida era claro: desempregado….
Duas mãos para amparar a queda
Enquanto tento obedecer ao persistente som de uma tecnologia que analisa o meu ciclo do sono, duas tempestades formam-se no pacifico deixando mais de 10.000 pessoas desalojadas. Uma mulher, depois de ser despedida, sobe ao topo do Mont Ventoux só com uma perna. Num país longínquo, um político imagina um muro alto que fere e…
O Homem Que Vendia Revoluções
Às cinco horas e trinta e oito minutos de uma sexta-feira de setembro, um homem entra numa mercearia de bens essenciais para fazer uma compra rotineira. Ao aproximar-se do balcão, o merceeiro, dono do estabelecimento, informa-o num tom aparentemente sáfio: Só vendemos revoluções. O homem, sem hesitar, responde que precisa com urgência de meia dúzia…