O poeta lança a luz
a sua língua incendiária,
atravessa o sol hipnótico
com um poema nos lábios
enquanto a realidade levanta
o seu voo e arde nos olhos,
como um animal anterior
às formas estourando entre
as mãos fecundadas nesta
estranha música fascinada:
alça a voz a beleza desnuda
no ritmo puro das palavras,
aves de um fervor paradisíaco
nascendo no nosso assombro.
Ramiro Torres
dezembro 2019